Nos últimos anos, houve uma alta de 62% nos custos para o produtor de leite, que acarretou numa elevação de 43% no preço ao consumidor. De acordo com Glauco Carvalho, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a principal causa da inflação de lácteos é a elevação dos custos de produção, que ocasionou menor oferta do produto.
Segundo Carvalho, a elevação do preço ainda não está sendo o suficiente para cobrir os custos no campo. Em decorrência da piora na rentabilidade nas fazendas, produtores diminuíram a oferta, que reduziu a alimentação das vacas. Pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que houve uma queda de 10,51% na compra de leite pelos laticínios no primeiro trimestre de 2022 em relação aos três primeiros meses de 2021. Essa foi a maior queda em uma avaliação trimestral desde 1997.
Para o segundo trimestre, a expectativa também é de escassez, assim como no primeiro trimestre. Já para o segundo semestre, o período de chuvas e a perspectiva de recuperação de margem de lucro do produtor traz um cenário de crescimento na oferta. Para Carvalho, os preços em alta para o produtor podem incentivar a produção.
Além disso, a entressafra também é um dos fatores responsáveis pela alta dos lácteos. A diminuição da oferta em virtude da sazonalidade do produto explica a inflação para o consumidor no outono e inverno. Já na primavera e no verão, ocorre regressão do preço por causa do crescimento da oferta. No entanto, mesmo com a alta, dados do IPCA demonstram que os leite e derivados são os que apresentaram menor alta nos últimos dois anos dentre os produtos de proteína animal.
